domingo, 17 de agosto de 2008

Lchess - Xadrez jogo


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sábado, 12 de janeiro de 2008

Poesia / XADREZ

I

Em seu grave rincão, os jogadores
as peças vão movendo. O tabuleiro
retarda-os até a aurora em seu severo
âmbito, em que se odeiam duas cores.
Dentro irradiam mágicos rigores
as formas: torre homérica, ligeiro
cavalo, armada rainha, rei postreiro,
oblíquo bispo e peões agressores.
Quando esses jogadores tenham ido,
quando o amplo tempo os haja consumido,
por certo não terá cessado o rito.
Foi no Oriente que se armou tal guerra,
cujo anfiteatro é hoje toda a terra.
Como aquele outro, este jogo é infinito.


II

Rei tênue, torto bispo, encarniçada
rainha, torre direta e peão ladino
por sobre o negro e o branco do caminho
buscam e libram a batalha armada.
Desconhecem que a mão assinalada
do jogador governa seu destino,
não sabem que um rigor adamantino
sujeita seu arbítrio e sua jornada.
Também o jogador é prisioneiro
(diz-nos Omar) de um outro tabuleiro
de negras noites e de brancos dias.
Deus move o jogador, e este a peleja.
Que deus por trás de Deus a trama enseja
de poeira e tempo e sonho e agonias?

(Jorge Luis Borges)-escritor argentino

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Kasparov x Deep Blue


Alguns dias atrás estreou em Nova Iorque um documentário que revive um episódio decisivo na história do xadrez e da inteligência artificial. O desafio gerou algumas controvérsias em 1997, ano em que ocorreu o episódio, e que ainda hoje não foram encerradas. Game Over: Kasparov and the Machine (Fim de jogo: Kasparov e a máquina) indaga os sucessos e as hipóteses que cercaram a derrota do campeão mundial frente a Deep Blue, o supercomputador da IBM. Para muitos foi um duelo entre duas máquinas, no entanto o recente filme de Vikram Jayanti tenta postular – com os recursos paranóico-conspirativos oriundos dos filmes de suspense – que havia obscuros interesses em jogo, e que a derrota de Kasparov, metade judeu metade armênio, teve uma enorme significação política.

Em meados da década de 1990, a IBM estava perdendo parte de sua clientela para a muito mais jovem Microsoft e outros novos adversários. Necessitava, então, de um certo golpe publicitário para provar a sua agilidade e dinamismo no mercado dos bits e chips. Já em duas ocasiões (1989 e 1996) Kasparov havia vencido com certa folga e agilidade as duas versões anteriores da máquina. Programada para 1997, a revanche – como ainda hoje Kasparov concorda – “era uma grande idéia”. O mesmo Kasparov precisava melhorar a sua imagem pública: já havia passado mais de uma década desde que arrebatou o título mundial de Anatoly Karpov, o mestre russo protegido pelo Politburó.

Após um primeiro encontro triunfal com Deep Blue, Kasparov enfrentou no ano de 1997 uma série de derrotas que foram ajudadas em parte pela ansiedade, as múltiplas pressões e a enorme exposição pública a que havia se submetido. No entanto sua mãe o aconselhava a “comportar-se como um homem” e enfrentar as câmeras também no fracasso, a mídia falava de um monstro tecnológico capaz de humilhar o ser humano para sempre e a revista Newsweek colocava como título da capa: A última oportunidade do cérebro humano, Kasparov e seus defensores alegavam que havia algo mais. Segundo o grande mestre: havia algo “demasiado humano” nas novas decisões – menos mecânicas – da máquina. Insinuou uma suspeita sobre a existência de uma possível seleção de grandes mestres operando nas sombras, e esta suspeita ficava agravada pelas condições nas quais havia se desenvolvido o jogo (incluindo o ar condicionado), tudo parecia estar preparado para a “convivência da máquina com dezenas de pessoas a seu serviço”, e Kasparov disse que a IBM havia lhe prometido cópias impressas dos processamentos de seu adversário, mas que nunca entregou.

Nesta ocasião a IBM ganhou por volta de 500 milhões de dólares em publicidade e estabeleceu um recorde na cotação de suas ações. “Creio que a IBM nos deve, a mim e ao resto da humanidade, uma revanche”, escreveu algum tempo depois Kasparov, desafiando a companhia para uma série de dez jogos em vinte dias: “É tudo ou nada, e isto não é por dinheiro. Todos estão esperando uma resposta.”

A História do Campeonato

Em 1886, o campeonato mundial de xadrez foi oficialmente reconhecido com a primeira disputa pelo título mundial entre Steinitz e Zukertort. Steinitz (de 1886 a 1894), Lasker (de 1894 a 1921), Capablanca (de 1921 a 1927), Alekhine (de 1927 a 1935) e Euwe (de 1935 a 1937) foram os campeões mundiais que escolhiam os adversários e as condições para a disputa do título, sendo que às vezes o desafiante não conseguia reunir a bolsa suficiente para enfrentar o campeão. Lasker, por exemplo, ficou onze anos sem colocar o título em jogo, sendo um dos motivos a Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Vários grandes jogadores da época de Lasker ficaram excluídos da disputa do título, por decisão do campeão, que não o colocou em disputa contra Reti, Rubinstein, Nimzowitsch, Tartakower e Pillsbury.

Steinitz (1896) Lasker (1892)
Em 1937, Alekhine (russo, mas naturalizado francês) foi o primeiro campeão mundial a recuperar o título no match revanche contra Euwe e o manteve sem defendê-lo até sua morte em 1946. A Segunda Guerra Mundial (1939-1945) impediu que Alekhine colocasse o título em jogo. Em 1946, quando já estava em negociação seu match contra Botvinnik, o campeão veio a falecer em Estoril, Portugal. Anos depois, seus restos mortais foram transladados para Paris, França. Seu túmulo, com um tabuleiro de xadrez, está no Cemitério Montparnasse.

Alekhine (1930) Euwe (1955)
A FIDE, ao declarar a vacância do título mundial (1946-1948), propôs a realização de um match-torneio para a consagração de um novo campeão. O torneio foi organizado em 1948 e deveria ser disputado pelos seis melhores jogadores da época: Botvinnik, Keres, Reshevsky, Euwe e Fine (melhores colocados em Nottingham 1936, Semmering Baden 1937 e AVRO 1938) e mais Smyslov (campeão de Moscou em 1938, 1942, 1944/45), já que haviam morrido os campeões Lasker (em 1941), Capablanca (em 1942) e Alekhine (em 1946). Fine declinou do convite e Euwe, que queria reassumir o título com a morte de Alekhine, se viu obrigado a jogar o match-torneio e terminar num melancólico último lugar. Torneio, enfim, disputado com cinco jogadores em cinco turnos (vinte partidas por jogador): Botvinnik 14 pontos, Smyslov 11, Keres e Reshevsky 10 ½ e Euwe 4.

Botvinnik (1960)
Botvinnik tornou-se o sexto campeão mundial e a FIDE criou um sistema de disputa entre os melhores jogadores, um match-torneio nos moldes de 1948, para indicar o desafiante ao título. Os torneios de candidatos de 1950, 1953 e 1956 foram disputados em turno e returno classificando o primeiro colocado para enfrentar o campeão mundial que jogava pelo empate em 12 a 12 (critério sempre existente e que se manteve até o início da década atual) e ainda tinha direito a revanche. A supremacia soviética era muito grande e, durante o período de 1951 a 1963, classificaram-se Bronstein, Smyslov (duas vezes), Tal e Petrosian. O direito de revanche existia e Botvinnik pôde recuperar o título após perdê-lo para Smyslov e Tal. O direito de revanche foi suprimido em 1963 e, após Botvinnik perder para Petrosian, o ex-campeão descartou a hipótese de disputar todo o ciclo do campeonato mundial.

Smyslov (1955) Tal (1960)
Os torneios de candidatos de 1959 e 1962 foram disputados com oito jogadores em quatro turnos (vinte e oito partidas para cada jogador). Nesta época, já existia a figura de Fischer que questionava a forma de disputa do torneio de candidatos. O motivo da crítica era que os jogadores soviéticos faziam jogo de equipe e, assim, Fischer teria que derrotar todos eles para poder se classificar. Fischer teria que jogar partidas duras para conseguir empates, enquanto os jogadores soviéticos empatavam rapidamente entre si.
Petrosian (1970)
Finalmente, Fischer foi ouvido e a forma de disputa pelo título passou a ser matches eliminatórios, o que impediria os empates rápidos entre os jogadores soviéticos. No torneio de candidatos de 1965 e 1968, sobressaiu-se Spassky. Petrosian manteve o título contra Spassky em 1966, mas veio a perdê-lo para o mesmo Spassky em 1969.
Spassky (1989)
Em 1971, chegou a vez de Fischer com o avassalador 6 a 0 contra Taimanov, 6 a 0 contra Larsen e a decisão do torneio de candidatos contra o ex-campeão Petrosian, vencendo-o por 6 ½ a 2 ½. Em 1972, Fischer derrotou Spassky no match do século, o confronto EUA x URSS que repercutiu no mundo todo. O match programado para vinte e quatro partidas terminou antes com (+7=11-3) para Fischer, o décimo-primeiro campeão mundial.






Fischer em 1958
Karpov venceu o torneio de candidatos de 1974 e seria o desafiante ao título. Fischer fez várias exigências (como número determinado de vitórias sem limite de partidas) e acabou por não colocar o título em jogo no ano de 1975. A FIDE, sob pressão da Federação Soviética, tirou o título de Fischer e o deu a Karpov.
Karpov (1989)
Karpov, que ganhara a final do torneio de candidatos contra Korchnoi em 1974, voltou a enfrentar Korchnoi em 1978 e 1981. O exilado soviético ganhara o torneio de candidatos de 1977 e 1980, enfrentando os jogadores soviéticos e toda a nomenklatura soviética. Em 1978, a polêmica vitória de Karpov por 6 a 5 com 21 empates (a regra era de seis vitórias sem limitação de partidas), fez Korchnoi declarar que Karpov era um "campeão de papel". Em 1981, com a família proibida de deixar a URSS, Korchnoi não mostrou tanta resistência contra Karpov. Posteriormente, em 1990, Tal conversou com Korchnoi e revelou-lhe que a nomenklatura soviética tinha planejado assassiná-lo em "acidente forjado", caso ele ganhasse a polêmica 32ª partida do match de Baguio City em 1978. O comentário de Korchnoi, na Olimpíada de Novi Sad, em 1990, foi de que perdera a partida, mas salvará a vida sem saber.
A estrela ascendente Kasparov venceu o torneio de candidatos de 1983, derrotando Beliavsky, Korchnoi e Smyslov. O polêmico sistema de seis vitórias sem limite de partidas entrou em crise diante da situação do match Karpov-Kasparov (1984/85), quando houve a disputa de quarenta e oito partidas, com cinco vitórias de Karpov, três vitórias de Kasparov e quarenta empates. A polêmica decisão de Campomanes de suspender o match manchou a imagem do xadrez e é a causa de desdobramentos até hoje. Novamente a política e os interesses pessoais atrapalharam o esporte.

Kasparov (1989)
Em 1985, Kasparov venceu Karpov em novo match limitado a vinte e quatro partidas (+5-3=16), como era o sistema de 1951 a 1972. Em 1986, Kasparov foi obrigado a conceder um match revanche, mas manteve o título por +5-4=15. Em 1987, Kasparov enfrentou novamente Karpov no final do ciclo do campeonato mundial, quando manteve novamente o título na última partida, num dramático 12 a 12 (+4-4=12).
O ciclo do campeonato mundial (zonais, interzonais e torneio de candidatos) se repetiu e, em 1990, Kasparov manteve o título contra o mesmo Karpov por +4-3=17, no quinto match entre eles. O confronto entre eles totalizara 144 partidas na disputa pelo título com +21-19=104 a favor de Kasparov.
Em 1992, Short derrotou Karpov na semifinal e, em 1993, eliminou Timman na final do torneio de candidatos. A crise Kasparov-Short contra a FIDE, por causa de local, premiação e outros problemas políticos, acabou com ambos os jogadores suspensos pela FIDE. Karpov e Timman jogaram, então, o match pelo título da FIDE. Kasparov e Short criaram a PCA e jogaram um match paralelo. Além disso, em 1992, Fischer reaparecera e concedera um match revanche a Spassky, em plena guerra da ex-Iugoslávia. O mundo do xadrez tinha três campeões mundiais que reivindicavam uma única coroa.
Em 1995, Kasparov enfrentou Anand e manteve o título da PCA. Em 1996, Karpov enfrentou Kamsky e manteve o título da FIDE (Neste match, o campeão já não tinha mais o direito de empate e deveria jogar um tie-break). O atual sistema de disputa, em que há privilégios para Kasparov e para Karpov, impede que outros jogadores possam chegar a disputar o título mundial. O caminho é longo e difícil para a maioria, mas para Karpov e Kasparov basta defender o título num match. Todos os sistemas adotados ao longo da disputa pelo título mundial (1886-1996) foram mostrados ao longo do artigo, assim como, levantamos também os problemas que levam a não unificação do título.

A HISTÓRIA DO XADREZ


A criação do xadrez é um grande mistério e não há dados históricos que confirmem a exata origem do jogo. Alguns historiadores atribuem sua criação ao Rei Salomão, que governou Israel de 961 AC a 922 AC; outros, aos sábios mandarins contemporâneos de Confúcio. Porém, há indícios de que o xadrez já era disputado no Antigo Egito.

O documento mais antigo sobre o jogo é a pintura mural da câmara mortuária de Mera, em Sakarah (nos arredores de Gizé, no Egito). Ao que parece, essa pintura, que representa duas pessoas jogando xadrez, ou algo semelhante, data de aproximadamente 3000 anos antes da era cristã. Porém, há registros indicando que o jogo era disputado na Índia, onde teria surgido por volta do século V ou VI de nossa era, derivado de antiquíssimo jogo hindu conhecido por "Chaturanga", nome que aludia às quatro armas (anga) do exército indiano: elefante, cavalos, carros e infantaria. Daí ele teria passado à Pérsia. Do mundo islâmico, o xadrez chegou à Europa por vias distintas: a invasão muçulmana da Península Ibérica e a Primeira Cruzada.

Tal como é jogado atualmente, o xadrez é Medieval em seu caráter. Se assemelha a uma guerra convencional e a um jogo da corte, conforme pode ser visto pelos nomes e ação das peças. Foi o jogo dos Reis e hoje é o Rei dos Jogos. Os peões são os oficiais subalternos, cobrindo e batalhando à frente da cavalaria, dos bispos e personagens da realeza. Os cavalos, bispos, rei e rainha (dama) são auto-explanatórios, enquanto as torres representam as fortalezas dos nobres. Se todos esses personagens desapareceram de muitos países do mundo, o xadrez permanece como um jogo de distinção social, capaz de exigir da mente humana o mais elevado esforço. Com o advento da Internet, praticamente acabou a antiga forma de xadrez postal. Esta forma de jogo era bastante demorada e tediosa, onde cada lance era feito por uma carta. Como exemplo, um competidor fazia um lance, enviava uma carta e ficava à espera da resposta do oponente. Assim, o jogo demorava anos para ser finalizado. No Brasil, o jogo existe desde 1808, quando D. João VI ofereceu à Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, um exemplar do primeiro trabalho impresso sobre a matéria.

Jogos/Download


O IXC é um exelente programam de xadrez nacional
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